Ele é mau, tem um coração amargurado, além de querer acabar com quem se põe diante dos seus propósitos, mas será que ele é tudo isso mesmo?
Nesta semana foi ao ar a cena onde os personagens tomam conhecimento de que ele depositou a filha da irmã adotiva numa caçamba, achando que a mesma havia morrido no parto.
Lógico que a atitude dele foi imperdoável, mas quando ele começa a explicar o que levou a tomar a atitude, o gesto.... fiquei pensando no quanto os pais são responsáveis pelo que vai na cabeça dos filhos.
Um bebê é sempre um bebê, e como todo ser diminuto chama para si todas as atenções e como isso fica na cabeça da criança mais velha?
Eu sei como fica. Fui filha única por 4 longos anos, cresci entre adultos e não me lembro se fui "paparicada" durante este período porque minha memória não alcança, mas sei que quando minha irmã nasceu, eu tive uma sensação de abandono, me senti como um brinquedo antigo que a gente põe de lado quando ganha um novo.
Passei muitos e muitos anos com essa sensação de estar atrapalhando, nunca quis matar minhas irmãs, nem primas, nem sobrinhas, porque gradativamente essa sensação ia aumentando conforme chegava crianças novas. Ao contrário do Félix me habituei a ser posta de lado, e fui levando minha vidinha.
Dizer que não machucou, que não magoou seria hipocrisia minha, a dor é bem aquela mesmo, do fundo da alma, mas o que fazer? Matar? Não, as crianças não tiveram culpa, os adultos é que não souberam lidar com a situação, as marcas ficam na gente, mas põe-se um "mertiolate" e se a ferida teimar em abrir a gente vai lidando com ela de acordo com a situação.
Hoje tenho 2 filhos, um menino e uma menina.
Quando fiquei grávida da minha filha, minha primeira preocupação e comprometimento com meu filho foi jamais pô-lo de lado, jamais estimular a concorrência entre eles, jamais ter preferências explícitas, aceitá-los com suas qualidades e defeitos e reconhecer em cada um o ser especial que representam.
Acho que tenho conseguido, fácil não é, mas vou tentando, não quero que sejam Félix e Paloma no futuro e sei que não serão, meu filho dá um de bravo com a irmã, gosta de irritá-la e de por apelidos que eu não tolero, mas ao menor sinal de indisposição ou chateação da pequena, ele vira seu protetor, seu melhor amigo, seu enfermeiro....chega a ser comovente.
Não quero perdoar o personagem até porque ele foi muito longe, mas como saber o que passa num coração desprezado? Mas acho que devemos prestar muita atenção aos nossos filhos, está sob nossa responsabilidade a formação dessa criança que será o adulto de amanhã.
E lembrem-se: nem sempre é necessário ir embora para se abandonar alguém....
Boa reflexão....beijos
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