Quinta-feira eu estava indo para o ponto de ônibus, quando ouvi um pai conversando com sua filha pelo celular. A menina me pareceu pequena, pelo teor da conversa, mas foi emocionante, segue o trecho:
..."- Estou com saudades de você também, filhinha, o papi não vê a hora do sábado chegar para ficarmos juntos....( intervalo)... Vamos passear, sim. E a escola? Já fez a lição? Então faz de manhãzinha, não deixa sem fazer não, viu, filhinha? Papai está morrendo de saudades, quero tanto te ver. Um beijo, meu amor, e até sábado."
Uma conversa comum certo? Errado. Desde que entrei nesse novo mundo das mulheres separadas o que menos vejo são pais querendo estreitar a linha da emoção com os filhos. Sinto sim, um certo querer que o filho esteja sempre atrás, como se tivesse que mendigar amor.
Isso me dá uma tristeza, não poderiam ser todos como o pai da conversa acima?
As crianças sofrem com a ausência do pai, e eles não percebem.
Essa semana por aqui foi diferente. O pai resolveu ficar com eles de sábado para domingo ( cá entre nós ) um milagre, mas vamos completar a informação: depois de 1 mês praticamente sem vê-los, sem ligar para saber se estão bem, para perguntar da escola, de como estão se saindo, apesar a escola ainda é nova.
Meu filho sofre toda vez que o pai diz que não vem, que não tem dinheiro ou e principalmente quando diz que não pode vê-los porque vai viajar ......
A minha pequena é menos encanada, mas essa atitude é uma forma de mascarar o sofrimento, às vezes fico pensando o que realmente passa no coraçãozinho e na mente rápida e dedutível dela.
Quando o pai diz que não vem, meu filho chora baixinho, quietinho, e isso me dá uma dor no coração, que se transforma em força e o que mais me dá vontade é de socar o ser para ver se sente metade da dor que o menino sente.
Eu me sinto culpada, afinal fiz a escolha ou topei conceber os filhos com ele. Minha esperança é que as crianças cheguem a mesma conclusão: que é necessário amar as pessoas de verdade e não só da boca para fora, e quando dissermos isso, estamos assumindo um compromisso: o de se doar ao relacionamento, viver imensamente esse sentimento, não podando as pessoas dele, mesmo depois, se acontecer algo.
Do meu lado, os trato com muito amor e carinho sempre, não quero que se sintam inadequados e nem que mendiguem amor de ninguém.
Então não critico, converso, explico, busco não brigar, não gritar ( nem sempre é possível ), e sempre os cubro de carinho, de beijos, abraços e muito amor.
Procuro estar perto, quero participar sem invadir.
Infelizmente, sinto que eles sentem falta, a necessidade dessa presença do pai, tão esperada, e ao mesmo tempo tão fragmentada na vida dos meus pequenos. Cada uma das crianças aceita / rejeita o ser, e tenho pouco a fazer, não posso pregar algo que não acredito.
Só peço a Deus 2 coisas: pais mais presentes na vida dessas crianças e aos que não tem esse benefício, que no futuro, consigam reverter a situação a seu favor.
Beijos a todos