Olá, pessoas queridas.
Ando bem sumida, eu sei; mas não podem esquecer que minha vida deu uma virada há dois anos.
Agora sou mãe de família em tempo integral e como isso muda a vida da gente, meu Deus! mas essa conversa ficará para outro dia.
Hoje quero desabafar sobre essa pandemia sem fim, porque no Brasil tudo que é passageiro, uma fase, torna-se eterno.
Não sei como vocês, no intimo, estão lidando com isso, para mim é horrível e essa não seria a palavra que eu usaria realmente, ela não resume tudo o que sinto, mas é a mais adequada neste momento.
No principio, acreditei que conseguiria passar por isso de boa, em julho contrai a doença, fiquei em casa por quinze dias, e estou imunizada pela doença até hoje.
Todos em casa tiveram sintomas, minha irmã caçula, que trabalha na área médica, nos trouxe o presente , mas foi a mais prejudicada, o pulmão dela foi atacado e se não fosse o médico que a atendeu e verificou através do exame de tomografia que ela estava contaminada, teria passado por outra coisa, pois os demais exames não acusaram a doença, e ela poderia ter morrido.
Nós tivemos sintomas leves, meu filho perdeu o olfato e o paladar e ainda não se recuperou por completo.
Por estes dias, senti como se uma onda estivesse chegando perto e destruindo tudo, perdemos dois conhecidos próximos, muito mesmo, e a dor, que sentia pelos outros já era grande, agora ficou maior ainda.
Não entendo a cabeça desses que promovem festas clandestinas, ou dos adolescentes que acham que a imunidade é a arma deles. Isso não existe!!! São assassinos carregando o vírus para dentro de casa e exterminando seus pais e avós, além deles mesmos.
Estou triste, muito triste. Procuro não ser muito informada, porque não adianta eu ter a informação se a única coisa que posso fazer é cuidar e mudar a mim. Então declino de saber quantos morreram, quantos estão internados e tanta coisa mais, dói demais.
As notícias continuam a chegar, cada vez que olho o facebook alguém perdeu um parente ou um amigo querido, filhos estão ficando órfãos de pais e mães, e, as pessoas que poderiam mudar alguma coisa se digladiam para saber quem tem a razão.
País triste este, com medo de perder benefícios, com medo de ser decente, com medo de ser correto.
Sinto-me mais doente hoje do que há alguns anos, uma doença da alma, porque a alma que pena quando a mente não consegue obter resultados corretos. É ela que segura a onda e quando não consegue mais adoece, quer fugir, quer se esconder.
Faz dois anos que não saio literalmente de casa. Corro para resolver o que não tem resolução pelo celular, vou ao médico para que minha saúde não piore mais, faço pilates e iniciei a dança do ventre, para tentar garantir a sanidade mental, tomo meu remédios corretamente, mas ainda assim, no fim da tarde, quando todas as tarefas do dia foram concluídas, a minha vontade é de chorar.
Chorar por todos que foram, pela falta de controle desse vírus, pela falta de respeito ao ser humano, aos médicos e toda a equipe que esforça-se para manter os ambientes adequados para os atendimentos, por todos que necessitam se expor para por os alimentos dentro de casa, por aqueles que não tem o que por dentro de casa e muitas vezes nem a quem recorrer, pelas pessoas que não conhecem o desespero de não poder oferecer nada àqueles que esperam pois não tem de onde tirar.
Nossos corações estão mais sensíveis, mas muitas vezes esquecemos que todos deviam alimentar-se todos os dias e não somente uma vez por semana, ou na páscoa, ou no Natal, e essa situação que estamos vivendo está demonstrando isso.
Eu nunca tive que encarar uma realidade desta, quando criança e adolescente, meus pais trabalhavam duro para por o alimento dentro de casa e não faltar nada para que fossemos à escola, pois antes o "governo" não fornecia nada, muitas vezes os professores pediam um pouco a mais de cada um que pudesse comprar e esse material era fornecido ao aluno necessitado, sem que os outros soubessem; eu mesma fiquei sabendo disso há alguns anos, pois na minha cabeça todos eram iguais.
Bom gente, estou me prolongando, e não era o que eu queria, mas já estou mais leve, ao menos para tocar o dia,
Reflitam. Eu acredito que quem tem sempre pode fazer mais, ou ao menos, não perca a oportunidade, todo aquele que bate a sua porta pedindo alimento oferece uma oportunidade para que sua bondade flua, meu conselho não julgue, ajude.
Beijos e ótima semana para vocês.